sábado, 2 de julho de 2011

O PROJETO ORIGINAL DO REINO DE DEUS - LIÇÃO 01 JOVENS E ADULTOS






TEXTO ÁUREO:


Verdade-Prática:


Texto Bíblico: Marcos 4.1-3,10-12; Lucas 17.20,21

Introdução

I. Conceito bíblico de Reino de Deus
II. O Reino de Deus nas Escrituras
III. As manifestações do Reino de Deus

MISSÃO INTEGRAL: UMA COSMOVISÃO CRISTÃ

O conceito de Missão Integral relaciona-se com uma cosmovisão1 que denota a relevância da Missão Cristã hoje. Cosmovisão, numa perspectiva geral, engloba interesses centrais do significado da vida humana. Ela tem na existência da pessoa um caráter intrinsecamente prático, definindo-se como “a soma total de suas crenças sobre o mundo, o ‘grande desenho’ que dirige as suas decisões e ações diárias”.2 Nesse aspecto, a Missão Integral é uma cosmovisão cristã que se fundamenta no desenvolvimento da relação humana com Deus. Ela avalia as tensões das esferas do ser humano (corpo, alma e espírito) justificando as ações do homem cristão no mundo.

A Missão Integral, como uma cosmovisão cristã, observa e compreende a realidade da existência humana num viés holístico. Ela busca impactar a vida toda com a mensagem e a prática do evangelho. Charles Colson e Nancy Pearcey, destacados pensadores norte-americanos, analisam a base bíblica de uma relevante cosmovisão cristã para mundo:
 
A base bíblica para esse entendimento é a narrativa da criação, onde nos é dito que Deus falou e tudo veio a existir do nada (ver Gn 1 e João 1.1-14). Tudo o que existe veio à existência mediante o seu comando, e é por esta razão sujeito a Ele, encontrando propósito e sentido nEle. A implicação é que em todo assunto que investigamos, desde ética econômica até ecologia, a verdade só é encontrada em conexão com Deus e sua revelação. Deus criou o mundo natural e as leis naturais. Deus criou os nossos corpos e as leis morais que nos mantêm saudáveis. Deus criou as nossas mentes e as leis da lógica e da imaginação. Deus nos criou como seres sociais e nos deu os princípios para instituições sociais e políticas. Deus criou um mundo de beleza e princípios de criação estética e artística [grifo meu]. Em toda área da vida, conhecimento genuíno significa discernir as leis e ordenanças pelas quais Deus estabeleceu a criação, e então permitir que essas leis modelem a maneira pela qual devemos viver. 3

A cosmovisão cristã da Missão Integral se origina na história da Criação. Nela, Deus se apresenta soberano e auto-existente; e pelo seu intento estabelece propósitos e sentidos ao mundo, e principalmente, ao homem. Na criação protagonizada por Deus, como sugere a narrativa de Gênesis, o projeto divino desdobra-se, no espaço de 7 (sete) dias, na formação do habitat natural que viabiliza a vida no mundo. Deus criou o homem numa perspectiva global para cuidar de todo o habitat natural que lhe foi entregue. Não obstante, o teólogo pentecostal Timothy Munyon, acerca da perspectiva global da natureza do ser humano, afirma: “[...] o que afeta um elemento do ser humano afeta a pessoa inteira. A Bíblia vê a pessoa como um ser global, e o que toca numa parte afeta a totalidade”.4 Na mesma direção, o teólogo reformado Louis Berkhof concorda que Deus, no ato da criação,  usou para a formação do corpo humano uma matéria prima (o barro) distinta da “substância” usada na criação da alma. Para Berkhof, apesar de as duas matérias constituirem a natureza humana, no advento da criação, ambas são distintas. Logo, “a dupla natureza do homem”5 é inequivocamente ensinada nas Escrituras. Portanto, o homem é um ser integral e sua “redenção é tão abrangente quanto a criação e a queda. Deus não salva apenas nossa alma, deixando nossa mente a funcionar sozinha. Ele resgata a pessoa inteira”.6 A natureza holística da humanidade se origina no Éden, e especificamente no estabelecimento da Imago Dei na criatura humana.   

Homem: A Imago Dei

Na esfera ética e moral, a dignidade humana é compreendida quando o Senhor estabelece a Imago Dei. Esta se manifesta no homem através da sua constituição espiritual, da particularidade moral, da manutenção da consciência e do uso do livre-arbítrio. Tais características fazem o homem obedecer, ou não, os direcionamentos recebidos de Deus; pontuando assim, a distinção entre homem e outros seres vivos. Como um ser racional, o homem possui a capacidade de pensar e produzir conhecimentos e ideologias. Ele é, através da função estabelecida por Deus, o executor do mandato cultural para administrar a natureza presente no planeta denominado Terra7:
 
E Deus os abençou [homem e mulher] e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. E a todos os animais da terra e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez.8

Para entendermos de fato a Missão Integral da Igreja, é importante considerar a imprescindibilidade do estabelecimento de uma cosmovisão cristã que compreenda o homem desde a Criação cuja mensagem de salvação parta do pressuposto de que o plano de Deus é salvar sua Criação inteira, considerando que “a redenção não é somente ser salvo do pecado, mas também ser salvo para algo – retomar a tarefa para a qual fomos originalmente criados”.9 

Por isso, o ser humano constituído por duas dimensões (material e imaterial) em sua própria natureza, precisa ser compreendido holisticamente pela Igreja para que uma prática bíblica e teologicamente adequada seja estabelecida na Missão Cristã. É assim que o teólogo John Stott observa quando analisa a globalidade da natureza humana: 
 
O nosso próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E Deus não o criou como uma alma sem corpo (para que pudéssemos amar somente sua alma), nem como um corpo sem alma (para que pudéssemos preocupar-nos exclusivamente com seu bem-estar físico), nem tampouco um corpo-alma em isolamento (para que pudéssemos preocupar-nos com ele somente como um indivíduo, sem nos preocupar com a sociedade em que ele vive). Não! Deus fez o homem um ser espiritual, físico e social. Como ser humano, o nosso próximo pode ser definido como “um corpo-alma em sociedade”. Portanto, a obrigação de amar o nosso próximo nunca pode ser reduzida para somente uma parte dele. Se amamos nosso próximo como Deus o criou (o que é mandamento para nós), então, inevitavelmente, estaremos preocupados com o seu bem-estar total, o bem-estar do seu corpo, da sua alma e da sua sociedade.10

A partir de uma cosmovisão cristã embasada na doutrina da criação é possível entender, segundo John Stott, que a sentença “Pregarás o Evangelho” não substitui a “Amarás o teu próximo”.11Ambas as sentenças se complementam e sustentam-se por si mesmas, denotando suas autonomias teológicas para fazer cumprir a “doutrina” sistematizada em dois pilares por Jesus de Nazaré: o primeiro “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.” E o segundo “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. A Missão Integral da Igreja Cristã permeará esses dois eixos apontando que o homem precisa de salvação para o porvir (restauração da comunhão do homem com o Deus eterno), mas também de redenção para o presente. O ser humano inserido num contexto de pobreza, miséria, exploração e injustiças sociais, precisa ser compreendido pela Igreja numa perspectiva global. Onde ele entenda a sua função de existir para Deus e servir o próximo necessitado (Mc 12.30,31).

Essa é a mensagem que denota “o nosso valor e dignidade [...] fundamentados no fato de que somos criados à imagem de Deus, chamados para sermos seus representantes na terra”.12 Numa perspectiva profundamente bíblica, a Missão Integral da Igreja resgata a dignidade humana perdida no Éden após a Queda, mas estabelecida pelo Altíssimo desde a fundação do mundo (Gn 1.26). A salvação em Cristo recupera a imagem de Deus em nós. Então, estamos prontos para exercer o modelo bíblico de uma Missão Integral no mundo.  

NOTAS

1 “Cosmovisão é um conjunto de crenças e práticas que moldam o envolvimento da pessoa nos assuntos mais importantes da vida” (“Panorama do Pensamento Cristão” editada pela CPAD, p. 22).    
2 COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. E Agora Como Viveremos? 1. ed. Rio de Janeiro: Editora CPAD, 2000, p. 32.
3 Ibidem, p. 33. 
4 HORTON, Stanley et al. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10. ed. Rio de Janeiro: Editora CPAD, 2006, p.252.
5 BERKHOF, Lous. Teologia Sistemática. 3. ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2007, p. 168,9. 
6 PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo de Seu Cativeiro Cultural. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora CPAD, 2006, p. 50.
7 HOFF, Paul. O Pentateuco. 1. ed. São Paulo: Editora Vida Acadêmica, 2007, p. 27. 
8 Gênesis 1. 28-30 (Almeida Revista e Atualizada). 
9 PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo de Seu Cativeiro Cultural. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora CPAD, 2006, p. 51.
10 STOTT, John. Cristianismo Equilibrado. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora CPAD, 1995, p. 58.  
11 Ibidem, p. 59.
12 PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo de Seu Cativeiro Cultural. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora CPAD, 2006, p. 99.

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ORIGEM DA ESCOLA DOMINICAL

Os missionários escoceses Robert (1809/1888) e Sara Kalley (1825/1907) são considerados os fundadores da Escola Dominical no Brasil. Em 19 de agosto de 1855, na cidade imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro, eles dirigiram a primeira Escola Dominical em terras brasileiras. Sua audiência não era grande; apenas cinco crianças assistiram àquela aula. Mas foi suficiente para que seu trabalho florecesse e alcançasse os lugares mais retirados de nosso país. Essa mesma Escola Dominical deu origem à Igreja Congregacional no Brasil.

Hoje, no local onde funcionou a primeira Escola Dominical do Brasil, acha-se instalado um colégio (Colégio Opção, R. Casemiro de Abreu – segundo informações da Igreja Congregacional de Petrópolis). Mas ainda é possível ver o memorial que registra este tão singular momento do ensino da Palavra de Deus em nossa terra.

Houve, sim, reuniões de Escola Dominical antes de 1855, no Rio de Janeiro, porém, em caráter interno e no idioma inglês, entre os membros da comunidade americana.

Fonte:ensinodominical.wordpress.com